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Costuma roer as unhas? Conheça 3 riscos para a saúde

21 Set 2023 - 10:00

Costuma roer as unhas? Conheça 3 riscos para a saúde

O hábito de roer as unhas (também conhecido como onicofagia) é um comportamento comum em algumas pessoas. Há quem roa as unhas em situações de maior ansiedade e há quem o faça a toda a hora. Mas terá esta prática riscos para a saúde?

Roer as unhas: Quais os riscos para a saúde?

Em declarações ao Viral, Catarina Pinheiro, especialista em Medicina Geral e Familiar da clínica Personal Derma, começa por explicar que o hábito de roer as unhas “é um comportamento comum, particularmente em crianças e em indivíduos sob stress”. 

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Contudo, a especialista considera “importante notar que a onicofagia pode variar em gravidade, e as suas causas podem ser multifatoriais”. Assim, as possíveis consequências mais graves para a saúde aplicam-se, sobretudo, aos roedores de unhas crónicos.

1) Danos para as unhas e para os dedos

Segundo Catarina Pinheiro, “as complicações de roer as unhas não se limitam à placa ungueal [unha], podendo afetar a região periungueal [região à volta da unha]”. 

Nos roedores de unhas crónicos, aponta a especialista, “pode ocorrer a perda parcial ou total da placa ungueal”, expondo o leito da unha.

Como resultado, “o leito ungueal queratiniza-se, levando a um encurtamento irreversível” da unha. Além disso, acrescenta a médica, “o trauma crónico da matriz ungueal pode levar a uma melanoníquia longitudinal” (pigmentação da unha). 

Por outro lado, as pessoas com onicofagia também estão mais predispostas a outras infeções secundárias, como a “paroníquia aguda”, aponta Catarina Pinheiro. 

Esta condição deve-se, por norma, à transmissão “de bactérias da boca para os dedos”, esclarece. Nesse contexto, o tecido mole que rodeia o leito da unha “torna-se eritematoso, quente e sensível, com risco de evoluir para um abcesso ou, raramente, osteomielite [infeção no osso]”. 

2) Complicações orais e dentárias

Catarina Pinheiro avança ainda que o hábito de roer as unhas “encontra-se associado a complicações orais e dentárias que incluem lesões gengivais, podendo condicionar: gengivite, formação de abcessos, aumento do desgaste dos incisivos e má oclusão dos dentes”. 

Para mais, “a dor” e “a disfunção da articulação temporomandibular” (responsável pelo movimento de abrir e fechar a boca) “também foram relatadas em roedores de unhas crónicos”. 

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3) Risco aumentado de infeções gastrointestinais

Por fim, é importante referir que as pessoas “com onicofagia têm uma carga bacteriana oral mais elevada”, composta por bactérias da família “Enterobacteriaceae”, aponta Cristina Pinheiro.

Isto “predispõe os roedores de unhas a infeções locais e sistémicas, nomeadamente do trato gastrointestinal, em caso de trauma oral ou de ingestão de bactérias”, clarifica.

É possível combater o hábito de roer as unhas? Como?

“O conhecimento limitado das suas apresentações clínicas, os sentimentos de vergonha em relação ao hábito, a falta de referência a especialistas em saúde mental e a coexistência de doenças psiquiátricas podem contribuir para atrasar o diagnóstico e o tratamento desta condição médica”, começa por adiantar Cristina Pinheiro.

Feito o diagnóstico, “tratar de forma eficaz a onicofagia envolve, com frequência, uma abordagem multidisciplinar”, esclarece. 

Por um lado, “as manicures profissionais” podem ser benéficas, pois “a limagem e o corte preventivos das unhas reduzem o aparecimento de cutículas lascadas e, por conseguinte, diminuem a tentação de roer as unhas”, refere a médica. 

Outra estratégia passa pelo uso de “luvas ou ligaduras à volta dos dedos” como barreiras físicas. A desvantagem desta técnica é poder interferir com as atividades diárias.

Pode ser também eficaz a “aplicação de um verniz de sabor desagradável nas unhas”, sublinha a especialista. Contudo, “este tipo de estratégia é desaconselhado em crianças mais novas, uma vez que pode induzir oposição”, levando-as a roer mais as unhas.

Por outro lado, continua, “uma técnica que pode ser útil no tratamento da onicofagia” é o treino de reversão de hábitos (TRH), “inicialmente descrito para tratar tiques e hábitos nervosos”.

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Segundo Cristina Pinheiro, o TRH envolve três componentes. A primeira é o “treino de consciencialização”, que faz com que “o doente escreva ou diga em voz alta os fatores que o leva a roer as unhas e as suas consequências”.

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A segunda componente é o “treino de resposta competitiva”, em que “o doente aprende comportamentos alternativos ao hábito, como cerrar os punhos”.

O último aspeto desta técnica passa pelo “apoio social” por parte de um familiar ou de “outra pessoa que esteja a tentar quebrar o seu próprio hábito”. 

Na onicofagia só se recorre aos fármacos como “tratamento de segunda linha”. 

Há alguns estudos com resultados promissores sobre a “utilização de fármacos antidepressivos e N-acetilcisteína”, mas “existem ainda provas limitadas sobre a sua eficácia e nenhum obteve, até à data, aprovação”, conclui.

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21 Set 2023 - 10:00

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